NEUROMODULAÇÃO

Neuromodulação é um recurso que permite modificar a atividade cerebral, inibindo ou estimulando a atividade dos circuitos neurais e áreas do cérebro que se deseja modular.

Como nosso sistema nervoso funciona através de correntes elétricas, a possibilidade de modular seu funcionamento sempre foi objeto de estudo e atualmente é uma realidade clínica com uso de dispositivos que modulam as correntes elétricas do cérebro, cerebelo, medula, direcionando os processos de NEUROPLASTICIDADE.

O que é Neuromodulação não invasiva?

Neuromodulação não invasiva é uma abordagem terapêutica que não requer procedimentos cirúrgicos ou implantes, sem a necessidade de medicamentos, segura e indolor, se mostrando uma ferramenta valiosa para a recuperação funcional de pessoas com condições neurológicas.

Tipos de neuromodulação não invasiva

Os tipos de Neuromodulação não invasiva utilizadas aqui na Glia Fisioterapia Especializada são a Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC), que envolve a aplicação de corrente elétrica de baixa intensidade sobre áreas específicas do cérebro através de eletrodos posicionados na superfície do couro cabeludo, alterando a atividade dos neurônios conforme o objetivo do tratamento e a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT), que envolve a aplicação de um campo magnético para estimular neurônios em áreas específicas do cérebro.

A neuromodulação não invasiva é realizada de maneira intensiva, com sessões diárias de segunda a sexta-feira, distribuídas em duas semanas, seguido de um período de 2 a 4 semanas de redução gradual do número de sessões semanais.

Em quais diagnósticos atua?

A ETCC e a EMT são aliadas importantes no tratamento dos casos de Acidente Vascular Cerebral, Doença de Parkinson, Esclerose Múltipla, Distonia, Ataxias Cerebelares, Lesão Medular, Traumatismo Cranioencefálico, Doença de Alzheimer, Demências, Dor crônica, Tremor Essencial entre outras. E a EMT é utilizada também em casos psiquiátricos como Depressão e Ansiedade.

A condução da Avaliação Neuromodulação é direcionada por um protocolo e um questionário bem definidos, com os quais identificamos as condições clínicas do cliente e possíveis contraindicações, as dificuldades apresentadas e suas causas, bem como os desejos e intensões do cliente com o tratamento.

Com os resultados desta avaliação o fisioterapeuta define se há ou não a indicação da neuromodulação para o quadro apresentado. Havendo a indicação, o fisioterapeuta informa o cliente e família sobre o protocolo de tratamento, sua condução, frequência, provável evolução, valores e formas de pagamento.

Duração: Entre 60 e 90 minutos, para valor da avaliação entre em contato.

Condução do Tratatamento

A condução do tratamento de neuromodulação se divide nas seguintes fases: planejamento, avaliação técnica pré-tratamento, tratamento intensivo, avaliação técnica pós-tratamento intensivo, manutenção, avaliação técnica final e orientações.

Planejamento

No planejamento decidimos com cliente e família a disponibilidade para o tratamento intensivo e agenda, combinamos o pagamento e conversamos com médicos e outros profissionais da saúde envolvidos.

Avaliação técnica pré-tratamento

Definimos os objetivos do tratamento e aplicamos testes e escalas específicos para cada quadro, para mensurar o desempenho nas dificuldades apresentadas pré-tratamento

Tratamento intensivo

Sessões diárias de 1 hora, de segunda a sexta-feira por duas semanas, associando exercícios específicos durante a sessão de neuromodulação. Orientações de exercícios e tarefas para casa são prescritos para potencializar os efeitos da neuromodulação, devendo ser executadas com comprometimento.

Avaliação técnica pós-tratamento intensivo

Ao final da fase de tratamento intensivo reaplicamos a avaliação técnica com testes e escalas para mensurar os ganhos com esta fase de tratamento e planejar a fase de manutenção.

Nesta fase já é possível ver diferenças importantes.

Manutenção

Reduzindo progressivamente as sessões semanais, mantendo a neuromodulação e os exercícios na sessão e em casa.

Avaliação técnica final e orientações

Reaplicamos a avaliação técnica com os mesmos testes e escalas para mensurar os ganhos com o tratamento e orientações para que os ganhos sejam mantidos a longo prazo.

Diferenciais do tratamento de
Neuromodulação Não Invasiva

Não Invasiva

Não requer procedimentos cirúrgicos ou implantes

Acessibilidade

Pode ser realizada em ambiente clinico ou domiciliar (ETCC)

Flexibilidade

Permite modular áreas específicas do cérebro, adaptando-se às necessidades individuais

Associação

É aplicada em conjunto a exercícios e tarefas da sessão

Neuromodulação associada a outros recursos:
Uma das maiores vantagens

Uma das maiores vantagens da neuromodulação é a possibilidade de realizar treino de tarefas e exercícios específicos e uso de outros recursos como eletroterapia, gameterapia, treino de esteira, Terapia de Contensão Induzida, simultaneamente ou imediatamente após a neuromodulação.

Com esta associação as áreas cerebrais moduladas pela neuromodulação ficam mais disponíveis para incorporar as demandas dos exercícios, otimizando as modificações cerebrais induzidas pelo treino específico e com isso promovendo resultados melhores e mais rápidos do que só com os exercícios.

Segurança / Efeitos Colaterais

A Neuromodulação não-invasiva é segura e realizada sob supervisão de uma profissionais extremamente capacitados.

Efeitos colaterais: são geralmente leves e temporários, como coceira ou sensação de formigamento no couro cabeludo onde os eletrodos estão posicionados, ou dor de cabeça após a EMT.

Interferência com Implantes: Pessoas com implantes metálicos no crânio (como placas cirúrgicas) devem evitar a Neuromodulação não-invasiva, pois a corrente pode interferir com esses dispositivos.

Casos que apresentam crises convulsivas: a intensidade das correntes aplicadas não desencadeia crises convulsivas, mas nestes casos sempre conversamos com o neurologista responsável antes de iniciar o tratamento.

Regulatório

Conselho Federal de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (COFFITO), por meio da Resolução N. 434/2013, reconheceu a utilização das estimulações elétrica e magnética transcraniana como recurso terapêutico do fisioterapeuta com certificação.

Referências

SOBRE O USO DA NEUROMODULAÇÃO: ETCC (em inglês TDCS) e EMT (em inglês TMS)

Lefaucheur JP, et al. Evidence-based guidelines on the therapeutic use of repetitive transcranial magnetic stimulation (rTMS): An update (2014-2018). Clin Neurophysiol. 2020;131(2):474-528.doi: 10.1016/j.clinph.2019.11.002.

Lefaucheur JP, et al. Evidence-based guidelines on the therapeutic use of transcranial directcurrent stimulation (tDCS).Clin Neurophysiol. 2017;128(1):56-92. doi: 10.1016/j.clinph.2016.10.087

SEGURANÇA DA NEUROMODULAÇÃO

Bikson M, et al. Safety of Transcranial Direct Current Stimulation: Evidence Based Update 2016. Brain Stimul. 2016;9(5):641-661. doi: 10.1016/j.brs.2016.06.004

Rossi S,et al. Safety and recommendations for TMS use in healthy subjects and patient populations, with updates on training, ethical and regulatory issues: Expert Guidelines. Clin Neurophysiol. 2021;132(1):269-306. doi: 10.1016/j.clinph.2020.10.003.

NEUROMODULAÇÃO NO AVC

Jia D et al. Therapeutic efficacy of repetitive transcranial magnetic stimulation on gait and limb balance function in patients with lower limb dysfunction post‑cerebral infarction: a systematic review and meta‑analysis. BMC Neurology .2025; 25:126. doi.org/10.1186/s12883-025-04112-9

Kim e Park. Update on Non-invasive Brain Stimulation on Stroke Motor Impairment: A Narrative Review. Brain Neurorehabil. 2024;17(1):e5.doi.org/10.12786/bn.2024.17.e5

Bai et al. Effects of transcranial magnetic stimulation in modulating cortical excitability in patients with stroke: a systematic review and meta‑analysis. J NeuroEng Rehab.2022;19:24. doi.org/10.1186/s12984-022-00999-4

Ni et al. Comparison of the efficacy of different protocols of repetitive transcranial magnetic stimulation and transcranial direct current stimulation on motor function, activities of daily living, and neurological function in patients with early stroke: a systematic review and network meta‑analysis. Neurological Sciences.2025;46:2479–2498. doi.org/10.1007/s10072-025-08000-5

Li LL et al. Comparative efficacy of different noninvasive brain stimulation protocols on upper-extremity motor function and activities of daily living after stroke: a systematic review and network meta-analysis. Neurol Sci. 2024. doi: 10.1007/s10072-024-07437-4.

Bai Xi et al. Different Therapeutic Effects of Transcranial Direct Current Stimulation on Upper and Lower Limb Recovery of Stroke Patients with Motor Dysfunction: A Meta-Analysis. Neural Plast. 2019 doi: 10.1155/2019/1372138

NEUROMODULAÇÃO NA DOENÇA DE PARKINSON

Kim et al. Effects of non-invasive brain stimulation on freezing of gait in parkinsonism: A systematic review with meta-analysis. Parkins Relat Disord.2019;64. 82–89

Chen et al. Effects of non-invasive brain stimulation over the supplementary motor area on motor function in Parkinson’s disease: A systematic review and meta-analysis. Brain Stim. 2025; 18: 1–14

Li et al. Effects of Repetitive Transcranial Magnetic Stimulation on Motor Symptoms in Parkinson's Disease: A Meta-Analysis. Neuro Neural Repair. 2022;36(7):395-404.doi: 10.1177/15459683221095034.

Nguyen TXD et al. Effects of transcranial direct current stimulation alone and in combination with rehabilitation therapies on gait and balance among individuals with Parkinson's disease: a systematic review and meta-analysis. J Neuroeng Rehabil. 2024;21(1):27. doi: 10.1186/s12984-024-01311-2.

Broeder S et al. Transcranial direct current stimulation enhances motor learning in Parkinson's disease: a randomized controlled trial. J Neurol. 2023;270(7):3442-3450. doi: 10.1007/s00415-023-11669-3

NEUROMODULAÇÃO NAS ATAXIAS

Wang et al. Effects of transcranial magnetic stimulation on cerebellar ataxia: A systematic review and meta-analysis. Front Neurol. 2023:14:doi: 104981310.3389/fneur.2023.1049813

Grobe- Einsler et al. Effects of cerebellar repetitive transcranial magnetic stimulation plus physiotherapy in spinocerebellar ataxias – A randomized clinical trial. CNS Neurosci Ther. 2024;30:e14797. DOI: 10.1111/cns.14797

Gong C. et al. Efficacy and safety of noninvasive brain stimulation for patients with cerebellar ataxia: a systematic review and meta-analysis of randomized controlled trials. J Neurol. 2023 Oct;270(10):4782-4799. doi: 10.1007/s00415-023-11799-8.

Naeije G et al. Anodal Cerebellar Transcranial Direct Current Stimulation Reduces Motor and Cognitive Symptoms in Friedreich's Ataxia: A Randomized, Sham-Controlled Trial. Mov Disord. 2023 Aug;38(8):1443-1450. doi: 10.1002/mds.29453.

NEUROMODULAÇÃO NAS DEMÊNCIAS E ALZHEIMER

Zhang et al. Therapeutic potential and mechanisms of repetitive transcranial magnetic stimulation in Alzheimer’s disease: a literature review. Eur J Med Res.2025;30:233. doi.org/10.1186/s40001-025-02493-8

Yang et al. The cognitive effect of non‑invasive brain stimulation combined with cognitive training in Alzheimer’s disease and mild cognitive impairment: a systematic review and meta‑analysis. Alz Res Ther.2024;16:140.doi.org/10.1186/s13195-024-01505-9

Bagattini et al. Enhancing cognitive training effects in Alzheimer’s disease: rTMS as an add-on treatment. Brain Stim. 2020; 13:1655e1664.doi.org/10.1016/j.brs.2020.09.010

Simko et al. Is non-invasive brain stimulation effective for cognitive enhancement in Alzheimer’s disease? An updated meta-analysis. Clin Neurophys.2022; 144:23–40. doi.org/10.1016/j.clinph.2022.09.010

NEUROMODULAÇÃO NA ESCLEROSE MÚLTIPLA

Liu et al. Non-invasive brain stimulation for fatigue in multiple sclerosis patients: A systematic review and meta-analysis. Mult Scle Relat Disord. 2019. 36: 101375. https://doi.org/10.1016/j.msard.2019.08.017

Li S et al. Efficacy of non-invasive brain stimulation on cognitive and motor functions in multiple sclerosis: A systematic review and meta-analysis. Front. Neurol.2023. 14:1091252.doi: 10.3389/fneur.2023.1091252